Questões de Filosofia
Assunto Geral
Banca CESPE
SESI - SP - Analista Pedagógico - Filosofia
Ano de 2008
As sete antinomias do ensino de filosofia de Derrida
I Protestar contra a submissão da filosofia a finalidades externas (útil, produtivo etc.). Não renunciar ao princípio de finalidade, que rege a missão da filosofia como instância final de juízo.
II Protestar contra o fechamento da filosofia no interior de uma definição disciplinar específica. Reivindicar a unidade e especificidade da filosofia.
III Pretender que a filosofia não seja nunca dissociada do ensino. Permitir-se pensar que algo essencial na filosofia não seja reduzível aos atos e às práticas do ensino.
IV Exigir que as instituições sustentem essa disciplina impossível e necessária. Postular que a filosofia exceda todas as instituições. V Solicitar, em nome da filosofia, a presença de um mestre, mesmo sabendo que a presença dele afeta a estrutura democrática da comunidade filosófica.
VI Saber que a filosofia como disciplina requer um ritmo calmo e um tempo diluído. Sua unidade e arquitetura testemunham uma contração instantânea.
VII Criar as condições para que alunos e professores disponham das condições de sua transmissão disciplinar ( eterodidática ).
A filosofia não pode renunciar a seu itinerário autodidático e autônomo.
Jacques Derrida. Les antinomies de la discipline philosophique. Lettre préface. In: École et Philosophie: La grève des philosophes. Par is : Ed. Osiris, 1986 ( com adaptações ).
A partir das idéias do texto acima, assinale opção correta.
a) As antinomias indicadas por Derrida propõem que a filosofia como disciplina mantenha sua liberdade radical de propor sua própria metodologia de trabalho.
b) A filosofia como disciplina é possível e necessária.
c) A filosofia não pode se sujeitar a finalidades ou utilidades.
d) A filosofia deve ser pensada como uma aprendizagem autodidática.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
Existem diferentes maneiras, na linguagem ordinária, de exprimir negações, conjunções, disjunções, condicionais e bicondicionais. Tendo isto em vista, considere as seguintes sentenças:
1. A moralidade faz sentido caso exista o livre arbítrio.
2. Provar a existência de Deus é impossível.
3. Se algo é uma obra de arte, é criação de um artista e vice-versa.
4. O conhecimento é matéria da filosofia, mas a fé também.
5. Quanto às referências obrigatórias sobre o princípio da separação dos poderes, as alternativas são Locke ou Montesquieu.
6. Uma condição necessária para a felicidade é a confiança no futuro.
7. Os conhecimentos práticos são ou imperativos, enquanto tais contrapostos aos conhecimentos teóricos, ou fundamentos para imperativos possíveis, enquanto tais contrapostos aos conhecimentos especulativos.
Indique a alternativa correta.
a) (1) e (7) exprimem condicionais.
b) (2) exprime uma negação e (3) exprime uma disjunção.
c) (1) e (6) exprimem condicionais e (4) e (5) exprimem disjunções.
d) (6) exprime um condicional e (5) e (7) exprimem disjunções.
e) (2) exprime uma negação e (3) e (7) exprimem conjunções.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
Vem, pois, e eu te direi - e tu, atenta para meu dito e leva-o contigo - os dois únicos caminhos de investigação em que se pode pensar. O primeiro, aquilo que é e que lhe é impossível não ser, é o caminho da convicção, pois a verdade é sua companheira. O outro, aquilo que não é e que precisa necessariamente não ser - esse, eu te digo, é uma trilha sobre a qual ninguém podem aprender. Pois não podes conhecer o que não é - isso é impossível - nem enunciá-lo, pois o que pode ser pensado e o que pode ser são o mesmo. Parmênides de Eléia, O Caminho da Verdade
A partir do texto, considerando a filosofia de Parmênides, indique a alternativa correta.
a) A identidade parmenídea entre pensamento e ser constitui um obstáculo à pensabilidade da mudança.
b) Para Parmênides, para cada forma de ser existe uma quantidade infinita de não-seres.
c) A relação entre ser e ser pensado, segundo Parmênides, é temporalmente estabelecida, de modo que depende das relações de anterioridade e posterioridade constitutivas de sua ontologia.
d) O conhecimento do não-ser, para Parmênides, depende da convicção e da verdade que lhe é associada.
e) A ontologia parmenídea estabelece uma distinção fundamental entre o enunciado do ser e a existência do ser.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
A palavra "dor", por exemplo, deveria referir-se a certos tipos de comportamento, como o de gemer de dor, o contorcer-se etc.; ou então ela se refere à disposição de, em certas circunstâncias definidas, demonstrar tais comportamentos. O mesmo se aplica a termos menos comodamente relacionáveis ao comportamento, como "pensamento" e "eu". Dizemos que uma pessoa pensa, quando ela realiza certas ações ditas racionais, ou quando temos razões para crer que pode realizá-las; e isso deve ser o próprio pensamento. A palavra "eu", por sua vez, poderia referir-se a coisas como um corpo humano com certas características observáveis, a comportamentos desse corpo, a disposições comportamentais próprias desse corpo, as quais em circunstâncias adequadas se fariam observáveis, e nada mais. Pretender que palavras como "eu" e "pensamento" se refiram a mais do que isso seria (...) sinal de um preconceito subjetivista.
Cláudio F. Costa. Ensaios Filosóficos
Indique qual das teses abaixo é defendida no trecho acima.
a) Diferentemente do que pensam os dualistas cartesianos, os acontecimentos mentais são meros epifenômenos.
b) Os eventos mentais podem ser analisados em termos comportamentais.
c) Os estados mentais são estados físicos do cérebro.
d) Conhecemos os conteúdos de outras mentes por analogia com a nossa vida mental.
e) Não podemos estabelecer uma conexão racional entre a nossa vida mental e o mundo físico.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
(...) o homem moral, como o lógico e o artista, está realmente à procura da submissão. (...) O santo, como o pensador e o artista, já o disse nestas palavras: sinto-me mais em liberdade, disse São Paulo, precisamente quando sou mais escravo. Brand Blanshard. O Acaso a Favor do Determinismo
De acordo com o texto acima, indique a opção em que as duas asserções são verdadeiras, sendo a segunda uma justificação correta da primeira.
a) O autor se refere ao sentido político, e não ao sentido metafísico da liberdade porque, no sentido metafísico, a liberdade não pode ser entendida como "submissão".
b) O santo, o pensador e o artista são livres porque seguem um padrão determinado por um ideal impessoal.
c) A submissão voluntária é entendida como liberdade porque liberta o sujeito do compromisso de, a cada momento, fazer escolhas.
d) O artista é livre porque não está sujeito a regras.
e) O homem moral, o lógico e o artista se sentem livres porque abrem mão do seu livre arbítrio voluntariamente.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
As teses abaixo referem-se à primeira das Meditações de Filosofia Primeira de Descartes.
I. O ponto de partida da primeira meditação é o princípio segundo o qual baseamos nossas crenças nos nossos sentidos.
II. O método da dúvida adotado na primeira meditação consiste em analisar cada uma das nossas crenças e suspender o juízo a respeito de cada uma delas.
III. O argumento cartesiano do sonho permite duvidar das nossas percepções dos objetos compostos, pois ele levanta a hipótese de que estes sejam construções da nossa imaginação.
IV. No argumento do sonho, Descartes apresenta a hipótese de que a vida seja um sonho gigante do qual nunca acordaremos porque não haveria onde acordar.
V. O argumento do deus enganador ou gênio maligno é a última etapa da dúvida cética da primeira meditação. Ele permite duvidar das verdades da matemática e da geometria que resistiram ao argumento do sonho.
São verdadeiros apenas os itens
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) II, III e IV.
e) II, IV e V.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
Por matéria eu quero dizer aquilo que em si mesmo nem é uma coisa particular, nem uma certa quantidade (...) pelas quais o ser seria determinado. Pois há algo de que cada uma dessas coisas é predicado, cujo ser é diferente de cada um desses predicados ( pois os outros predicados, que não a substância, são predicados da substância, ao passo que a substância é predicada da matéria ). Logo, o substrato último não é em si mesmo nem uma coisa particular, nem uma quantidade particular nem positivamente caracterizada de outra maneira; nem, ainda, é a negação dessas coisas (...).
Se adotamos esse ponto de vista, então, segue-se que a matéria é substância. Mas isso é impossível, pois tanto a separabilidade como a estialidade* devem pertencer principalmente à substância. E assim forma e composto de forma e matéria e não [somente] a matéria, seriam pensados como o ser da substância. Aristóteles, Metafísica[*estialidade: o estado de existência objetiva ou a realidade de um ser]
A partir do texto, julgue os itens a seguir:
I. A matéria é uma coisa particular que determina o ser, segundo Aristóteles.
II. Aquilo de que coisas particulares e quantidades são predicados não é diferente deles - coisas particulares e predicados.
III. A substância é predicada da matéria, mas não se define somente como matéria, e sim como um composto de matéria e forma.
IV. Forma e matéria são as duas substâncias que determinam a substância composta.
V. Ainda que componha o ser substancial, a matéria não determina o ser substancial: a forma é o princípio de determinação do ser substancial.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) item(ns)
a) I e II.
b) IV.
c) V.
d) III e IV.
e) III e V.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
No simples intuito de explicar didaticamente sua observância da vida comum e sem nenhuma pretensão a uma esquematização exaustiva e rígida, o pirronismo antigo ressaltava quatro aspectos que caracterizam nossa prática cotidiana conforme o fenômeno: em primeiro lugar, sentimos, por assim dizer, a orientação da natureza, servindo-nos, espontaneamente, de nossos sentidos e de nosso intelecto; cedemos também, como não poderia deixar de ser, à necessidade das afecções e de nossos instintos; de um modo geral, nos conformamos à tradição das instituições e costumes, inseridos que estamos num contexto sociocultural; finalmente, adotamos os ensinamentos das artes desenvolvidas por nossa civilização e incorporadas ao cotidiano da vida em sociedade. Nosso uso da linguagem comum se amolda obviamente a todas essas dimensões do cotidiano em que estamos mergulhados e nos sinaliza a profundidade de nossa inserção nele.
Osvaldo Porchat Pereira. Vida comum e ceticismo
A partir do texto, no que se refere ao pirronismo, considere os itens a seguir:
I. O cético não pode viver de acordo com a sua filosofia, pois, ao suspender o juízo sobre as aparências, deve permanecer completamente inativo.
II. Para o pirronismo, o critério da orientação prática não é o juízo teórico, mas a aparência.
III. Uma filosofia pode ser considerada dogmática na medida em que toma o fenômeno como critério teórico.
IV. O pirronismo defende a aceitação passiva das instituições e dos costumes.
V. No que se refere ao critério da orientação prática, o pirronismo se caracteriza pela negação das aparências.
Estão corretos apenas os itens
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) III e IV.
e) IV e V.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
A primeira coisa que nos é dada é o fenômeno que, se estiver ligado a uma consciência, se chama percepção (...). Mas, porque todo fenômeno contém um diverso e, portanto, se encontram no espírito percepções diversas, disseminadas e isoladas, é necessária uma ligação entre elas, que elas não podem ter no próprio sentido. Há, pois, em nós uma faculdade ativa da síntese deste diverso, que chamamos imaginação, e a sua ação, que se exerce imediatamente nas percepções, designo por apreensão. A imaginação deve, com efeito, reduzir a uma imagem o diverso da intuição; portanto, deve receber previamente as impressões na sua atividade, isto é, apreendê-las.
Immanuel Kant. Crítica da Razão Pura
Considerando o texto de Kant, julgue os itens seguintes.
I. A intuição, que corresponde à percepção, e a apreensão, que corresponde à síntese do diverso da intuição, são dois momentos distintos que estão na base de todo conhecimento empírico.
II. Observar já é interpretar, neste sentido: ver algo é vê-lo como algo.
III. O entendimento é, ele mesmo, uma faculdade de intuição, pois todo o conhecimento do entendimento é intuitivo.
IV. A imaginação, faculdade não limitada apenas às reproduções, é um ingrediente da própria percepção.
V. Um adulto e uma criança de dois meses podem apreender exatamente os mesmos dados sensíveis - mas enquanto o adulto vê, digamos, um microscópio, a criança pode não ver coisa alguma em particular.
Estão corretos apenas os itens
a) I, II e III.
b) I, III e V.
c) II, III e IV.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.
A resposta correta é:
Assunto Geral
Banca CONESUL
Pref- de Pelotas - RS - Professor II - Filosofia
Ano de 2008
O que é, pois, que se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção? Certamente não pode ser nada de tudo o que notei nele por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas que se apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição encontram-se mudadas e, no entanto, a mesma cera permanece. Talvez fosse como eu penso atualmente, a saber, que a cera não era nem essa doçura do mel, nem esse agradável odor das flores, nem essa brancura, nem essa figura, nem esse som, mas somente um corpo que um pouco antes me aparecia sob certas formas e que agora se faz notar sob outras. Mas o que será, falando precisamente, que eu imagino quando a concebo desta maneira?
René Descartes, Meditações Metafísicas
A partir do texto, assinale a alternativa correta.
a) O exemplo do pedaço de cera é um expediente utilizado por Descartes para introduzir um critério epistêmico estritamente racional e independente da sensibilidade.
b) Descartes usa esse exemplo para pôr em xeque a concepção clássica de matéria.
c) O exemplo do pedaço de cera evidencia que a sensibilidade tem uma função epistêmica necessária e suficiente na fundação do conhecimento científico.
d) A inteligibilidade da mudança do pedaço de cera, para Descartes, não depende dos sentidos, porque estes estão em constante mutação.
e) O exemplo do pedaço de cera é um expediente retórico que serve para introduzir a dúvida hiperbólica na economia das Meditações Metafísicas.
A resposta correta é: